Humanismo(1434/1527)
Contexto histórico
Fase de Transição entre Idade Média e Renascimento.
Surgi uma nova classe social a burguesia, cujo nome deriva de burgos ( cidade) – afrouxamento do regime feudal de servidão. Novas formas de relacionamento social e novas leis faziam-se necessárias, já que os hábitos e a rotina dos moradores da cidade opunham-se ao comportamento submisso e humilde do camponês medieval.
O poder - anteriormente privilégio dos nobres – passou a ser exercido por homens que não pertenciam à nobreza mas detinham fortuna – o poder material começa pesar bastante na organização da sociedade, e o status econômico tornou-se mais importante que os títulos da nobreza de sangue ou de origem.
Para o homem medieval, os limites do mundo eram representado pelas fronteiras do feudo. As grandes navegações tiveram origem neste período, o homem passa ter confiança nas suas próprias conquistas e capacidade de dominar a natureza e o desconhecido pelo esforço, a coragem e o saber.
Com isso, o teocentrismo começa a ruir à medida que ganhava força uma concepção de mundo denominada antropocentrismo, em que o homem – e não mais Deus – ocupava o centro do universo.
Esse processo de Humanização da cultura fez que o homem passasse a considerar-se não mais como imagem de Deus, mas como um ser ligado à sua natureza material, física, terrena.
É importante levar em consideração que essa mudança na maneira de conceber o mundo não ocorreu de uma hora pra outra e que a religiosidade não desapareceu. A época que estamos estudando caracteriza-se por ser um período de transição, em que conviveram duas visões de mundo: a teocêntrica e a antropocêntrica.
Registra-se ainda, como fator fundamental na divulgação dessas novas ideias, a invenção da imprensa, por Gutenberg, em 1452, novidade que só chegou em Portugal em 1494, mas a tempo de propagar os estudos dos humanistas realizados no resto da Europa, sobretudo na Itália.
Literatura
Marco inicial – 1434 nomeação de Fernão Lopes para ocupar o cargo de guarda-mor da Torre de Tombo, ou seja, encarregado do arquivo do Estado, o que corresponderia hoje à função de historiógrafo. Fernão Lopes é considerado o primeiro cronista da língua portuguesa, pois inaugurou uma nova maneira de escrever a história de seu país.
Acontecimentos importantes para a literatura desta época: A música se separa da poesia, o que era para ser cantado era música e o que era para ser declamado poesia. A poesia deste período ficou conhecida como Palaciana, pois era declamada somente nos palácio para o deleite da nobreza. Surgi neste momento também o teatro de Gil Vicente, primeiro teatrólogo da língua portuguesa. Foi com Gil Vicente que o teatro português realmente passou a adquirir importância como forma escrita, com estrutura própria.
Gil Vicente (1465?/1537?)
Foi ourives da Corte. Após o êxito alcançado com seu Monólogo do Vaqueiro, passou a escrever e representar peças de teatro para o público constituído, essencialamente, pela nobreza. Das dezenas de peças que escreveu, poucas foram publicadas em vida.
Sua estreia ocorreu em 1502 como o Monólogo do Vaqueiro, feito em homenagem à rainha d. Maria e declamado pelo próprio Gil Vicente nos aposentos desta rainha com finalidiade de divertir essa soberana quando ela deu a luz ao futuro rei de Portugal d. João III. O monólogo baseia-se na cena biblíca em que Cristo, na manjedoura, é adorado pelos reis magos. Foi composto em espanhol, língua corrente entre os nobres de Portugal na época.
A obra de Gil Vicente pode ser didaticamente dividida em dois blocos:
1- Autos- São peças teatrais de assunto predominante religioso, tratado de modo sério ou cômico. Os autos visavam divertir, moralizar o público e difundir a fé cristã. Destacam-se: Auto da Alma, Trilogia das Barcas(compreendendo Auto da barca do Inferno, Auto da barca da Glória e Auto da barca do purgatório) são os mais importantes autos vicentinos.
2- Farsas – São Peças cômicas curtas, de um só ato, poucas personagens e enredo extraído do cotidiano. Têm geralmente caráter cômico. Destacam-se Farsa de Inês Pereira, Farsa do velho da horta e Quem tem farelos?.
Características do teatro de Gil Vicente
Quanto às personagens – não se distinguem como individuos. São tipos que ilustram as classes sociais da época. Raramente são designados por um nome próprio;são identificados quase sempre pela ocupação que exercem ou por algum traço social. Entre esses tipos figuram, por exemplo, o sapateiro, o lavrador, o onzeneiro(agiota), o frade, o bispo, o parvo(idiota,tolo) o escudeiro, a alcoviteira e muitos outros. No conjunto, esses, personagens compõem um painel da sociedade da época.
Quanto à concepção religiosa – Apegado à tradição medieval, Gil Vicente parece lamentar a perda dos valores que considera mais importante de sua época. Mas, ao mesmo tempo, combate por um cristianismo mais humanizado.
Como se faz a crítica social – A crítica social do teatro vicentino é impiedosa. Não escapa qualquer comportamento que o autor julga inadequado como por exemplo o adultério, a falta de sentimento religioso, o materialismo, a vaidade, suntuosidade. Exalta a fé legítima , desprendimento material, a caridade e a simplicidade.
Os efeitos cômicos – Para atingir comicidade, o autor explora principalmente a linguagem das personagens: incorpora trocadilhos, ditos populares, blasfêmias, grosserias, insultos e até obscenidades. Alem disso, em especial nas farsas, a exploração de temas sexuais concorre para a comicidade das peças, principalmente graças à cumplicidade com o público. Critica-se o desejo exacerbado e imprudente; ridiculariza-se de forma impiedosa o “marido traído” e a paixão incauta do velho pela jovem mal saída da adolescência (Auto do velho da Horta). Contribuem ainda para o comicidade os nomes das personagens, reveladores das características psicológicas ou sociais de cada tipo, como João das Bestas, Frei Bolorento, Branca do Rego,etc.
Poesia
Declínio da poesia e ascenção da prosa.
Publicação do Cancioneiro Geral em 1516 por Garcia de Rezende – Coletânea de 286 autores, que tratam de diversos assuntos em poemas amorosos, satíricos, religiosos, didáticos, moralizantes e heróicos.
A poesia lírico-amorosa do Cancioneiro Geral é bem representativa do caráter de transição do período humanista, ora se faz a exaltação ao amor idealizado, ora do desejo físico; ora se trata da mundanidade mais concreta, ora da mais ardorosa fé religiosa. Quanto à estrutura dos poemas, observa-se uma grande variedade de formas de composição, o que não ocorre no período anterior.
esse texto esta escrito tudo errado aprende escrever porra
ResponderExcluirObrigada! Ótimos textos.
ResponderExcluirtexto muito bom
ResponderExcluiramei.
ótimo textos, me ajudou muito. Obrigada
ResponderExcluirMuito bom gosteiii
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